Poesia – Sofá Domingo
Sofá Domingo
Será que amanhã o sol vai voltar? – Acordo de novo assim
Não sei, depois de hoje, eu deitado em um sofá tentando ler o jornal, mas mesmo assim, apático com tragédias e noticias
Hecatombe sou eu, aqui só.
Recosto meu rosto para a parte mais macia do sofá
Dou as costas à televisão e apenas sigo o fluxo de minha cabeça a rodopiar
Se tivesse água nos olhos, seria péssimo
Porque não há nada aqui
Seria piegas
É apenas domingo
Quero que se foda a camada de ozônio e o aquecimento global
Queria ter você do meu lado
Fazer-me suar no verão sem perder o gelo do ar
A me misturar em desgraças, entre folhas de jornal e dizer que não há mais céu
Inferno ou paraíso
O que existe somos nós
Um sofá domingo
Um dia dormindo
Um dia comendo
Observando a movimentação dos que não podem parar
Passos de tênis, chacoalhar de rodas de carrinhos de bebês
Eu parado olhando você a me olhar
A pousar lentamente em inércia olho o branco teto
Espremendo o canto dos olhos
Enxugando os ombros vazios
Entrecruzando minhas pernas
Pra não me sentir sozinho